quarta-feira, 23 de novembro de 2011





Sambista é feito de samba, minhas referências:

“Respeite quem pode chegar onde a gente chegou” foi título de um texto escrito por Julio "João" Hercowitz, batuqueiro de “primeira” da Bateria da Cásper e foi um gancho para a essa coluna.

A reflexão desse trecho da música “Moleque Atrevido”, do sambista Jorge Aragão, me levou a um mergulho de 20 anos de profundidade no meu passado de batuqueiro e sambista. Nesse texto não reivindico respeito, apenas pontuo personagens fundamentais para a formação do sambista que assina essa coluna, personagens esses a quem devo meu respeito.

Ao emergir desse mergulho vejo o Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Mocidade Alegre como pano de fundo de cada momento que revivo aqui.

Outro detalhe, eu não sei se cada personagem dessa história pensou um dia em fazer o que fizeram pelo samba e sua importância na formação de novos sambistas, mas o que realmente importa é o que fizeram e muitos outros ainda o farão, consciente ou inconscientemente.
Em meados de 1992, de volta ao Bairro do Limão, depois de alguns anos vivendo no Parque Peruche, ouvi novamente o som da Bateria da Morada do Samba – Mocidade Alegre. Meu primeiro e principal Mestre da vida não pensou duas vezes e me levou ao samba, não foi uma tarefa muito difícil para Mário Pires (meu Pai), jovem que acompanhou a chegada da Escola no Bairro do Limão na década de 60 e emprestou a primeira aparelhagem de som para a nova vizinha do bairro, e assim o samba se amplificou pela primeira vez por ali.

O tamborim me fascinou e lá estava eu, nas primeiras filas da “Vila Isabel”, nome que era usado pelo primeiro mestre de bateria que vi na minha frente, Mestre Donela, ao se referir a nossa batucada. Sob o comando de Mestre Donela a Bateria da Mocidade Alegre já era considerada uma das melhores de São Paulo, a ousadia e a criatividade de hoje já era vista naquele tempo, uma ala de tamborins invejável com a rapaziada de Taipas, o pessoal do Limão sob o comando de Dinda, o melhor “tocador” de tamborim que já vi em minhas andanças pelo samba. Dinda era o mix de técnica apurada, precisão, criatividade e energia. Repiques comandados por Zé Maria (filho de um dos fundadores da escola de mesmo nome) ao lado de Japão, Cocada, Chaleira (outro filho de fundador, o saudoso Juarez da Cruz). Caixas de guerra, naquela época, tocadas por Tio Carlo (grande amigo), Ninho, Jorginho, Marcelo Abutre (esse merece um texto só pra ele, uma lenda viva e ativa no samba) e Jorge, entre outros tantos. Uma linha de surdos com Jaú, Iran, Seu Pacheco, Tubão, Piu, “Finado Coió”, Edson Bacalhau no Ganzá, Seu João e seu agogô solo, Seu Flávio e sua cuíca entre tantos bambas que por lá estavam e minha memória não conseguiu resgatar. Essa era a Bateria que tinha duas sequencias de breques, por volta de 23, entre eles o breque 10 feito até hoje pela “Ritmopuro” e adaptado para a Bateria da Cásper.

Mestre Coca e Mestre Sombra entraram ao mesmo tempo nessa história e falarei deles e demais sambistas no meu próximo texto.


facebook.com/marcelopires1977

Um comentário:

  1. Grande Marcelo Pires, conhecido também como Tieta. Conheço este exemplo de homem e dedicação tanto de vida quanto de samba, a 15 anos ou mais.... Pessoal da Casper; podem ter certeza que vocês estão sendo conduzidos por uma enciclopedia do samba e ensinados por um sambista de verdade..... Tieta.. abraços de seu AMIGO Faisca....

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