quinta-feira, 3 de novembro de 2011


Uma nova oportunidade

Primeiras linhas aqui no Batucada Boa! Confesso um frio na barriga nesse momento. É, porém, um frio na barriga muito gostoso... O mesmo frio na barriga que antecede o início de uma apresentação. Aqueles minutos antes do Tieta dar o “apito” inicial, atiçando nossos repiniqueiros, e iniciando mais um momento de samba nas cores vermelho e branco. Ou então aquele frio na barriga quando a bateria está armada na concentração esperando a sirene soar para o início de mais um desfile. É o frio na barriga gostoso que sempre nos acompanha e geralmente está ligado a algo que amamos muito, ainda mais quando esse algo que você tanto ama carrega tanto esforço seu... Tanto tempo dedicado, tantas amizades construídas e tantas histórias pra contar.

Não espero utilizar esse espaço para trazer informações com uma precisão matemática. Muito mais importante do que uma data correta ou um número religiosamente exato é o fato em si, é a história e a lembrança. O acontecimento é muito mais relevante do que o algarismo que o acompanha. Esse é um espaço para relembrarmos momentos vividos pelas pessoas que passaram por essa Bateria e que ajudaram a construir pedaços desse todo tão bonito que conhecemos por Bateria da Cásper.

Por exemplo, nesse momento, acho que algumas palavras de conforto seriam bem-vindas. Desde que me vejo como ritmista casperiano (e olha que aí já vão alguns anos), sempre tivemos dificuldade para estabelecer um local de ensaio que nos desse toda a estrutura necessária. Estrutura, aliás, que é muito importante sim para o desenvolvimento da Bateria e, vejam só, mesmo sem possuirmos essa estrutura podemos nos orgulhar imensamente de tudo que fizemos e construímos até aqui. Poucos sabem, mas a antiga quadra da Escola de Samba Tom Maior (que era localizada na Rua Eugênio de Medeiros, no bairro de Pinheiros) abrigou até o fim do ano de 2004 os ensaios dessa nossa querida batucada vermelho e branca. Somos itinerantes desde então. O vão do MASP já nos serviu de teto, um bairro muito querido da Região Norte da cidade já foi nosso lar por quase dois anos, o próprio Parque Trianon, com suas centenárias árvores, já nos abrigou com muito carinho, mas essas são histórias para outros momentos. Infelizmente, sempre encontramos pelo caminho pessoas que ainda não foram apresentadas ao gostoso balanço harmonioso dos instrumentos tocando samba e acreditam que isso não faz parte do cenário da selva de pedra paulistana. Tudo bem! O importante é, apesar disso tudo, mantermos o andamento (ou o jurado pode tirar nota!) e procurarmos nova morada... Vejam só, batuqueiros e batuqueiras! Temos novamente em mãos mais uma oportunidade para uma nova história (e para quem sabe definirmos de vez uma casa) e, conseqüentemente, mais acontecimentos para trazermos aqui no Batucada Boa!
Batuqueiro faz samba e batuqueiro, tem sim, muita raiz... E batuqueiro, desde os tempos do Delegado Chico Palha (aquele mesmo sem alma e sem coração), tem muita dificuldade pra fazer seu samba sem ser incomodado.

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Diego Pavão, batuqueiro apaixonado. Formado em Publicidade na Cásper, humilde, eterno pitaqueiro, historiador oficial e autointitulado "O melhor caixeiro que essa Bateria já viu".

2 comentários:

  1. Parece época em que um pandeiro na mão era vadiagem. Mas venceremos mais essa. O samba só acaba junto com a vela - e a nossa está mais acesa do que nunca!

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  2. Lindo texto Pavones!
    Nooosssaaaa toda essa história me fez lembrar também dos diversos lugares que os nossos queridos instrumentos ficaram: o quartinho do sexto andar apertado que só, a casa do Marião, os carros dos batuqueiros...ainda temos o quartinho atrás do auditório do 3 and?

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